Rumo a Marabá, Pará. Meu encanto nos rios Araguaia e Tocantins.
- 10 de abr. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 7 de fev. de 2022
Nossa viagem ao Pará tinha um objetivo especial: visitar a tia Mira (em memória). Irmã da minha mãe que não se viam pessoalmente há anos. Minha tia havia ido embora para o Pará poucos anos depois de casar, depois de um longo tempo por lá é que passou a conseguir vir visitar a família ocasionalmente, o nosso principal meio de comunicação com eles era através de cartas. Telefonemas?! Eram muito ocasionais, quando eles iam a cidade, e usavam telefone na casa de algum amigo ou orelhão. Meus primos eu só conhecia através de fotografias e cartas, essas sim, recebíamos sempre.

Então, essa viagem foi muito especial e emocionante para nós, principalmente para minha mãe. O objetivo não foi lazer e lugares turísticos dessa vez, embora, nos divertimos muito, conhecemos um pouco da cultura paraense mais de perto e experimentamos o jeito que viviam ali.
Partimos de Teixeira de Freitas/BA, percorremos aproximadamente 2.600km até Marabá/PA. (Detalhe, nossa primeira viagem mais longa em família, e o guia que nos dava as coordenadas principais não era um GPS, era um mapa de papel e as placas da estrada. Vê se meu pai não tem um espírito aventureiro gente.. rsrs.. Mas chegamos lá!! :D).
Percorremos a famosa Transamazônica, onde é bem verdade que existe grande trecho sem pavimentação, e em épocas de chuvas seria quase impossível passar por lá de carro pequeno. O passado e o futuro sobre essa história da estrada de terra, compondo sonhos ainda não realizados para quem vive por lá.

Mas, no percurso também fizemos uma deliciosa travessia de balsa do Tocantins para o Pará, pelo rio Araguaia. Foi muito legal! Coisa linda de se ver é esse grande rio!



Chegamos ao Marabá, que fica no sudeste do Pará. O nome da cidade é uma palavra indígena que significa mais ou menos o "mestiço", "filho de índia com branco". E muito interessante a escolha desse nome, por que a cidade realmente tem sua história na ocupação por colonizadores. A cidade continua em processo de desenvolvimento e recebendo muitas pessoas vindas de outras localidades, cidade bem miscigenada, tem mais 200 mil habitantes, é uma cidade grande em extensão, muito industrializada, principalmente no setor siderúrgico e madeireiro, mas conta ainda com o agronegócio pecuário. Marabá também já vivenciou aqueles ciclos da história da extração da borracha, do garimpo e da castanha-do-pará. Mas hoje o que tem grande impacto na região são suas ricas províncias minerais. Já deu pra entender por que de tanta gente "forasteira" por lá, né?!
Mas vamos falar de paisagens bonitas agora?!
Marabá é cortada pelo Rio Tocantins, outro belo e grande rio. E nas margens dele existe uma orla lá que é possível caminhar e apreciar essa vista, a chamada Orla de Marabá.
Ahh, e quem te disse que no Pará não tem praia?! Pois é, meus primos ficaram numa luta para me explicar que eles também tem praia algumas vezes no ano. Não salgada. Praia de água doce. Como é isso?! São as águas do Rio Tocantins, que no período do "verão amazônico", que vai de julho a novembro, o calor aumenta muito, as águas abaixam depois das chuvas que antecederam, e se forma uma ilha nesse rio, com uma extensão de areia fina, formando a praia. Você chega lá por meio de barcos. As mesas e cadeiras ficam dentro d’água para você apreciar a paisagem se refrescando com comodidade. Olha que máximo! Verão é a cara do verão, em qualquer lugar do Brasil! Sombra e água fresca reina! :D
Eu fiquei bem curiosa, mas como fomos em dezembro, já tinha passado esse período, então não deu pra ir. Logo eu que adoro uma praia perdi essa... :/
Mas compartilho com vocês as fotos do Pará Turismo para se encantar com essa belezura da Praia do Tucunaré no Marabá.
Bom, seguindo a nossa história de viagem, o destino final mesmo dessa rota foi o sítio da minha tia, numa vila, a 100km de estrada de chão depois da cidade de Marabá.
Acreditem, apesar de toda a estrutura na cidade referência da vila que é Marabá, até a nossa visita lá em 2009, os sítios nessa região não possuíam energia elétrica. Nossa experiência foi a luz de lamparina meu amigo, e água puxada de poço de balde. A energia elétrica para fazer funcionar motores e bombas para a labuta na roça só foi chegar lá no ano seguinte, e aí depois a TV, o sinal telefônico e a internet. E o que aprendemos com isso, é que a alegria morava lá desde sempre, mesmo antes das modernidades chegarem.
Lógico, que a vida fica mais fácil com equipamentos que nos ajudam no dia a dia, a comunicação e a distância é encurtada pela tecnologia, é justo! Mas foi surpreendente sair do habitual nessa experiência, e ficar conectado ao que importava mais naquela viagem: reencontrar pessoas importantes para nós; perceber a sensibilidade que existe nas vivências; se encantar com o observar do nascer e do pôr-do-sol, do brilho das estrelas, de um balanço na rede e de um bom papo num fim-de-tarde na varanda.

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