São João Del Rei/MG - o passado e o presente crescendo juntos.

A cidade de São João Del Rei, em Minas Gerais, está associada à grande riqueza e expansão do período colonial com a descoberta do ouro na região no começo do século 18. Foi presença também no movimento dos inconfidentes, e até chegou a ser cogitada como capital. A cidade preservou um magnífico acervo arquitetônico e cultural, onde se é possível admirar o período da arte barroca que compõe a arquitetura do seu núcleo histórico. Mas São João Del Rei é também uma das cidades históricas que se desenvolveu muito economicamente, seu comércio e trânsito é bastante movimentado, fica a menos de 200km da capital mineira e possui mais de 90 mil habitantes. Em São João Del Rei é possível apreciar a evolução urbana de uma vila colonial mineira, cuja história permanece bastante preservada se fundindo em harmonia com a construção do novo século.

A cidade é grande, porém em algumas horas é possível percorrer as principais atrações, e a pé mesmo que é para apreciar melhor o passeio, observando e admirando cada fachada dos prédios coloniais e as várias igrejas históricas. Nós mesmo fizemos o roteiro de passeio do núcleo histórico em um único dia.

O centro histórico de São João Del Rei é onde estão os principais pontos turísticos, todos os itens do mapa do que conhecer por lá estarão bem ali pertinho uma das outras. Por isso, que conhecer esses pontos caminhando é o mais recomendado e muito agradável também.

Ah, e um alívio importante para citar dessa cidade histórica mineira, é que ela não tem ladeiras tão altas assim para essa caminhada, ponto bem animador, rsrs.. Não é nada cansativo passar horas caminhando pelo centro histórico e ir conhecendo ponto a ponto essa história colonial. Em torno de 700 prédios foram tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) para preservar a história da antiga cidade colonial e essa história da arquitetura é o ponto mais marcantes do centro histórico, muitos desses prédios funcionam restaurantes, bares e lojas, e as igrejas que também representam muito à história do período colonial, e são várias igrejas, cada uma com uma arquitetura singular que descreve muito bem o que cada uma representou nesse período, não é a toa também que a cidade é conhecida como a “terra onde os sinos falam”.

Por tanto, uma das coisas para fazer no roteiro de SJDR é explorar bem as igrejas do centro histórico.

A principal rua do centro histórico é a Rua Getúlio Vargas, atravessando a Ponte do Rosário, a qual começa com a Igreja Nossa Senhora do Carmo, uma das principais igrejas do núcleo colonial da cidade, erguida na fase áurea do rococó, com fachada esculpida em pedra-sabão, finalizada sua construção em 1732, ambienta lindamente o final da rua mais charmosa de SJDR.

Depois a Igreja Nossa Senhora do Pilar, construída em 1721, com altar super ornamentado diz que foi utilizado cem mil folhas de ouro em películas por ali, e o teto é considerado a maior superfície pintada do barroco mineiro.

Continuando até o final do morro, tem mais uma igreja, a Nossa Senhora das Mercês, em um ponto mais elevado que garante uma bela vista. Foi remodelada em 1808, em substituição à capela de antes de 1751.

Por ali perto também fica a Igreja Nossa Senhora do Rosário, inaugurada em 1703, pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, ela era frequentada por escravos negros na época do Império.

E os casarões históricos para admirar, sendo um dos mais famosos o Solar das Neves, que foi a antiga residência de Tancredo Neves entre os anos de 1957 e 1985. Depois, a esposa dele, Risoleta Neves, continuou utilizando do casarão até a sua morte, no ano de 2003.

São várias dessas casas com eira e beira e bastante história.

Falando do bonito casarão do Solar das Neves, ressaltamos que São João Del Rei é a cidade natal de Tancredo Neves, ex-presidente eleito do nosso país, aquele mesmo que foi o primeiro presidente civil eleito após um poucos mais de 20 anos de governos militares, mas que nem chegou a tomar posse. Um dia antes da sua posse ele foi acometido de uma enfermidade onde teve que ser internado de emergência e realizou várias cirurgias, teve o quadro agravado e acabou morrendo após 38 dias, sem poder assumir o cargo para o qual foi eleito, e assumindo então o seu vice José Sarney, que teria ali a responsabilidade em conduzir o país para sua redemocratização após a ditadura militar.

Vale a pena conhecer mais da história de Tancredo visitando o memorial que tem lá sobre a sobre a vida dele e também compreender o movimento Diretas Já no país. Se Tancredo teria sido um bom presidente, nunca saberemos. No entanto, não tem como negar que a sua trajetória política em vida e até a maneira como ocorreu sua morte marcou a história nacional. O Memorial Tancredo Neves fica na Rua Padre Maria José Xavier, no centro histórico. Funciona de sexta a domingo e em feriados, das 8h às 18h e a entrada custava na época da visita R$ 2 por pessoa, porém agora o site do governo de Minas cita como entrada franca.

E claro que não podia falta a majestosa e mais famosa igreja de SJDR, a Igreja de São Francisco de Assis, deixamos por último para aproveitar um tempo por ali, pois sem dúvidas foi a que mais nos encantou.

Ela que conta a arte do rococó, com a fachada esculpida em pedra-sabão, com os altares dourados feitos por Aleijadinho, e cercada de palmeiras imperiais, num jardim projetado pelo paisagista Burle Marx, e aos fundos abriga um cemitério onde está o túmulo do ex-presidente Tancredo Neves.

Por ali também tem alguns barzinhos no estilo colonial por perto, e desse jeito finalizamos o nosso roteiro pelo centro histórico e ficamos ali aproveitando o finalzinho da tarde com um bom lanchinho e curtindo o clima do local.

No segundo dia fomos conhecer mais alguns pontos importantes que contam a história dessa região, como o Teatro Municipal, a Casa de Bárbara Heliodora, o museu da FEB e o monumento ao Expedicionário. Em toda São João Del Rei existem edifícios com belas fachadas ligados à manifestações históricas e culturais, além do caminho entre pontes e chafarizes, que nos transportam a uma viagem ao passado.

Outro passeio super bacana que nos levam à uma viagem no tempo é o museu ferroviário, que fica na estação, explicando sobre como surgiu e como funciona esse meio de transporte, além de outros objetos históricos, como relógios, telefones, máquinas de calcular, objetos de manutenção dos trilhos e outros mais utilizados nas antigas estações de trem, bem didático. E também tem alguns trens expostos, inclusive um dos que foram utilizados pela corte imperial e passageiros ilustres desses tempos coloniais do Brasil. O acesso ao museu é de graça.

De lá da estação também é possível realizar o passeio de Maria Fumaça com destino à Tiradentes, cidade vizinha à SJDR, a viagem é feita percorrendo a Estrada de Ferro Oeste de Minas (EFOM), inaugurada em 1881 por Dom Pedro II, são 12km e demora cerca de 50 minutos. A passagem de ida e volta custa em torno de 80 reais por pessoa, sendo que crianças de até 5 anos não pagam, e crianças de 6 a 12 anos, idosos e estudantes pagam meia. A venda de passagens é feita por meio das bilheterias nas estações de ambas as cidades, o percurso dá para fazer partindo de qualquer uma das duas cidades, de quinta a sábado das 8h às 17h, e aos domingos de 8h30 às 12h. Os horários variam de acordo com a demanda, pelo site da empresa responsável pelo serviço (VLI Logística) é possível verificar datas e horários em que o passeio acontecerá durante sua viagem, também sendo possível já realizar a compra do ingresso online.

Chegando em Tiradentes você vai se apaixonar pelo local. Tiradentes tem um charme tão grande, e por ser uma cidade pequena, com aquele clima de vila do interior, é muito charmosa. Tudo parece remeter ao Século 18 e aos tempos do auge do barroco na região.

Mas vou deixar para falar mais sobre Tiradentes no próximo post. ;)

Em SJDL ficamos hospedados próximo a estação ferroviária, em uma linda pousada bem estilo colonial, com um nome bem sugestivo: Pousada Estação do Trem.

Pousada bonita, decorada com vários objetos antigos, estava tudo muito limpo e organizado quando fomos em 2016, ficamos em um quarto família grande, que dividia as camas de solteiro da do casal com uma porta permitindo mais privacidade, foi um ponto bem bacana para nós que estávamos viajando eu, meu irmãos e os nossos pais, e a varanda da sacada que dava para a vista da estação. A equipe muito atenciosa, e como fomos próximo ao Natal fomos recebidos até com um delicioso panetone de mimo com um bilhetinho de votos natalinos no nosso quarto, achei muito carinhoso. O café da manhã bem mineiro nem se fala, que coisa mais deliciosa, né?! rsrs.. O preço também foi um dos melhores que encontramos disponível no período, que girou em torno de 600 reais as duas diárias para 4 pessoas. E o ponto-chave, que é muito favorável, é que ela fica localizada próximo as principais atrações do roteiro, o que facilita a locomoção, sem precisar usar muito o carro, dá para fazer tudo a pé.

São João del-Rei é uma cidade tranquila e que exala muita arte e história a ser explorada pelos turistas. Amamos e recomendamos conhecer essa região!